Emocionante é a palavra pra este livro. Um homem cego no 78º andar do World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Ele e Roselle (sua cão-guia) passaram por essa experiência e saíram ilesos e com uma vida nova.
Michael tem três objetivos principais pelos quais ele decidiu dividir sua experiência no 11 de Setembro conosco: primeiro, porque pode ajudar pessoas a entenderem melhor a cegueira e o fato de que a desvantagem não está em ser cego, mas sim nas atitudes e concepções erradas que as pessoas têm da cegueira; segundo porque ajuda as pessoas a entenderem como funciona a relação com o cão-guia e terceiro é ajudar as pessoas a superarem o 11 de setembro e a descobrirem lições importantes.
Adorei o livro. Indico demais. Foi uma experiência fantástica ler sobre a vida de um cego que anda de bicicleta sozinho, que se vira, trabalha, casou, enfim, comum! Como aprendi com ele! É surpreendente como eu não sabia nada sobre os cegos, como eles vivem, como enxergam a vida, sim o autor pede pra não deixarmos de usar as palavras ver, pois ele também as usam.
Na época em que o autor do livro nasceu, o procedimento médico padrão era colocar o bebê prematuro em uma incubadora selada e bombear oxigênio puro até que seus pulmões estivessem prontos. Essa prática resultou em uma deficiência visual epidêmica nos bebês prematuros. Michael era um deles. O médico indicou enviá-lo a um lar para cegos. Seus pais se negaram e o criaram com todo carinho em escolas normais. Primordial no crescimento e desenvolvimento desta criança.
Tenho vontade de contar tudo aqui, mas deixo para vocês viajarem nessa leitura e aprenderem bastante. Muitas lições são tiradas daqui.
Michael estava trabalhando no 78º andar no dia e, que as torres gêmeas foram atingidas por terroristas, e conta cada detalhe de como foi viver essa situação.
“Se há uma mensagem sobre a cegueira que eu gostaria de passar para aqueles que enxergam, é esta: não há nenhum problema em ser cego. A cegueira não vai arruinar sua vida ou acabar com todas as suas alegrias. Não vai destruir sua criatividade ou diminuir sua inteligência. Não vai impedir que você viaje e tenha experiências em outros lugares. Não vai separá-lo de seus amigos e familiares. Não vai impedi-lo de ter um emprego e ganhar a vida. A cegueira não é o fim do mundo. E, com tecnologia e educação, a cegueira pode deixar de ser algo desgastante e se tornar apenas mais uma limitação humana. E existem muitas limitações humanas. A vida vai muito além do funcionamento dos olhos.” p. 147
“Eu me sentiria verdadeiramente integrado à sociedade quando as pessoas se interessarem por algo que conquistei e não pelo fato de eu conseguir realizar tarefas rotineiras que podem parecer assustadoras apenas porque sou cego. eu vou realmente me sentir um cidadão de primeira classe quando puder ir a restaurantes com meus amigos que enxergam e o garçom perguntar para mim qual é o meu pedido em vez de perguntar para eles o que eu quero. vou reconhecer essa integração quando for a encontros e convenções em que todo o material distribuído para as pessoas que enxergam estiver automaticamente disponível em braille ou em qualquer outra fonte acessível para mim.” p. 191
Quero aproveitar para copiar a parte final do livro que seria um Guia de Cortesia da National federation of the Blind:
“Quando você me encontrar, não se sinta constrangido. Vai nos ajudar muito se você se lembrar de algumas atitudes simples de cortesia:
- Sou uma pessoa comum, só que cega. Você não precisa levantar a voz ou me tratar como uma criança. Não pergunte ao meu cônjuge se quero chantili no café, pergunte a mim.
- Posso usar uma bengala branca ou um cão-guia para caminhar de forma independente; ou talvez eu peça que você me dê o seu braço. Permita que eu decida e, por favor, não agarre no meu braço, deixe que eu pegue o seu. Vou manter uma distância de meio-passo atrás para me precaver de obstáculos e degraus.
- Quero saber quem está no cômodo comigo. Avise-me disso quando entrarmos. Apresente-me aos demais, inclusive às crianças, e me avise caso haja algum gato ou cachorro.
- A porta de um cômodo, armário ou carro parcialmente aberta pode ser uma armadilha para mim.
- No jantar não terei nenhuma dificuldade para manusear os talheres.
- Não evite as palavras como “ver”. Eu também as uso. Sempre me sinto feliz em ver você.
- Não quero piedade. Não fale sobre “as maravilhas compensações da cegueira. Os meus outros sentidos (tato, olfato e audição) não melhoraram quando eu fiquei cego. Confio mais neles hoje e, por isso, consigo extrair mais informações com eles do que você consegue. É só isso.
- Posso conversar com você sobre a cegueira caso tenha essa curiosidade, mas isso é algo antigo para mim. Tenho muitos outros interesses, assim como você.
- Se eu sou seu hóspede, por favor, mostre-me onde fica o banheiro, o armário, a cômoda, a janela e o interruptor de luz. Gosto de saber se as luzes estão acesas.
- Não me veja simplesmente como uma pessoa cega. Sou apenas uma pessoa, que, por acaso, é cega.”
Livro: Adorável Heroína
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