Você vem vistar Vitória? Já sabe de tradições locais? Pois a arte de fazer panelas de barro das paneleiras de Goiabeiras se tornou patrimônio cultural brasileiro. Foi por causa da inscrição do IPHAN ( Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural Nacional) em 2002.
A panela de barro é uma tradição milenar no Espírito Santo. A cerâmica em argila queimada era fabricada pelos índios ainda antes da colonização portuguesa. Essa tradição se mantém viva graças às Paneleiras de Goiabeiras, que há várias gerações continuam fabricando artesanalmente as autênticas panelas de barro.
As paneleiras são um dos principais símbolos da cultura e identidade capixaba. Elas emprestam beleza ao barro retirado do barreiro, que fica na jazida do Vale do Mulembá, no bairro Joana D´arc, em Vitória – ES. Já foram feita pesquisas para se encontrar este tipo de barro por vários locais pelo Brasil e não se encontrou barro como esse.
Tudo é feito artesanalmente e você pode acompanhar se visitar o galpão onde elas trabalham. E comprar as panelas por um bom preço diretamente da artesã que a fez. Fica no birro de Goiabeiras, na capital do ES. Suas casas e o galpão de sua associação ficam à beira do canal que banha o manguezal.
As panelas de barro já viraram ícone da identidade cultural do estado do Espírito Santo e são nacionalmente conhecidas. Elas são produzidas conforme antiga tradição indígena e essenciais na preparação e apresentação dos pratos típicos capixabas, como a moqueca de frutos do mar capixaba e a torta capixaba.
Eu já escrevi sobre os paneleiros, que encontrei em Vila Velha, também.
O ofício das panelas de barro é legado das culturas tupi-guarani e Una é uma atividade eminentemente feminina e tradicionalmente repassada pelas artesãs. Mas hoje já existem alguns poucos homens que também trabalham lá. É o caso do Evandro, que nos recebeu numa manhã de sábado para fazermos uma oficina de panelas de barro.
Eu consegui passar uma manhã muito agradável com ele e alguns amigos fazendo essa oficina e ele nos ensinou tudo sobre como se faz as panelas e não foi só isso. Nós pudemos colocar as mãos na massa e agora tenho uma panelinha feita por mim mesma (e finalizada por ele! Claro!).
A fabricação artesanal das panelas é feita com instrumentos rudimentares, como a cuia. O barro é misturado à água. Com as mãos o artesão vai moldando a panela e passando água e com a ajuda do cuité a panela toma forma. Depois são colocadas para secar ao sol. E depois vão para a cama de madeira para serem queimadas.
Tradicionalmente, a produção das panelas de barro utiliza matérias-primas provenientes do meio natural, como eu já disse, o barro do Vale do Mulembá, a casca da planta mangue vermelho, coletada no manguezal à frente do galpão delas, com a qual se faz o tanino, para pintar as panelas e escurecê-las. E a cuia e a vassourinha de muxinga são feitos a partir de espécies vegetais encontradas na região.
Elas são secas ao sol, para o barro enxugar e levadas à queima na madeira, como eu disse, veja abaixo.
E depois vão para a queima.
Depois desse processo, eles extraem do manguezal, da casca da mangue vermelho a tintura chamada tanino, com a qual se pintam as panelas quando quentes, com a chamada vassourinha de muxinga para escurecê-las.
A coleta e transporte da matéria-prima fica a cargo dos homens. Como essa prática tem características únicas, diferindo de outras semelhantes no país, ela foi registrada no Livro do Registro dos Saberes. E os pratos de culinária capixaba são reconhecidos pela literatura gastronômica como a mais brasileira das cozinhas, por mesclar elementos da cultura indígena, africana e portuguesa.
O tanino vem do manguezal, olhe as fotos do mangue abaixo.
Agora vamos à receita da famosa Moqueca Capixaba:
Ingredientes para 6 pessoas:
– 2 kg de peixe em postas (badejo, robalo, garoupa, namorado, dourado ou cação) ou de frutos do mar (como camarão, lagosta, siri, sururu e ostra);
– 500 g de tomates picados;
– 500 g de cebolas picadas;
– meia xícara de coentro picado;
– 3 a 4 dentes de alho socados;
– 50 ml de azeite de oliva;
– 30 ml de tintura de urucum (ou 2 colheres de sopa de colorau); (para obter urucum aqueça uma colher de sopa de sementes de urucum e quatro colheres de sopa de azeite, tomando cuidado para o azeite não fritar. Quando ao azeite estiver bem vermelho, coe numa peneira, despejando sobre a moqueca).
– 2 limões;
– sal a gosto.
Modo de preparo:
Após comprar sua panela, não se esqueça: antes de usá-la pela primeira vez, use duas colheres de óleo de cozinha para untar toda a parte interna da panela. Leve-a ao fogo e deixe queimar todo o óleo. Em seguida deixe a panela esfriar e lave-a. Está pronta para ser usada por muitos anos. E quando for fazer isso, coloque a panela diretamente no fogo normalmente, como qualquer outra panela, assim como quando for usar. E lembre-se de comprar o suporte para a panela. Custa baratinho e você usa melhor para colocar na mesa e servir.
ONDE FICA: Associação das Paneleiras de Goiabeiras
Rua das Paneleiras, 55 – Goiabeiras Velha – Vitória – ES
fone: 27 – 33270519 – paneleirasdegoiabeiras@hotmail.com