Escrevi esse poema no dia 04/01/2016 e publiquei no facebook. Me impressionou o tanto de gente vindo comentar sobre ele comigo e comentando na própria publicação.
Eu escrevi com tanta intensidade, com todo o meu coração. E não digo que ele deve se aplicar a toda e qualquer situação. Enfim, mas pelo que percebi, muitos foram tocados e pararam para refletir.
Há momentos em que creio que devemos deixar o barco e procurar novos horizontes e há momentos em que eu acho que devemos continuar no barco, custe o que custar, já que algo muito importante pode estar em jogo. Há outros momentos em que eu acho que devemos perceber que Jesus continua no barco conosco… mas nós não o vemos e não chamamos por Ele (e por isso a tempestade corre solta) e em outros, devemos convidá-Lo a entrar no nosso barco.
Mas o poema foi escrito com a minha emoção daquele momento. E eu publico aqui para que todos possam ler esperando sempre que o que eu escrevo possa levar as pessoas a refletirem de diversas formas, enfim.
A foto foi tirada pelo meu amigo Thiago nas Três Praias, em Guarapari – ES e ele me enviou, quando vi a foto, o texto fluiu de dentro de mim. Me perguntaram se eu volto e releio e mudo. A resposta é não. Se eu ficar arrumando o texto, ele deixa de ser um texto fluido, que vem e acontece. Arte para mim é isso, não é algo estrategicamente calculado, a arte acontece e o artista sente, se passar o momento.. tudo pode sair completamente diferente…
O Barquinho
Eu to deixando esse barco.
Ancorei num lugar seguro e nao vou voltar pra esse mar.
As ondas estavam muito revoltas.
A chuva caía forte.
Era uma tempestade grande e eu achava que estava segura dentro desse barquinho.
Nao.
O barquinho virou varias vezes em alto mar
E eu nadei de volta ate ele.
Achei que deveria subir de novo e remar.
Remei remei e “morri” na praia.
Eu ja sabia que ía dar nisso.
Mas eu continuei.
Bem, aproveitando que ancorei segura. Fico por aqui. Porque é continente e nao ilha.
Aqui tem um mar mas de possibilidades novas.
E eu vou aproveitar a oportunidade.
Largo essa vida de navegar à deriva e passo a colocar os pés no chão.
A vista da praia é tao bonita. Tao convidativa. O mar parece tao calmo…o barco parece bom.. mas nao vou me esquecer de tudo que vivi ate aqui.
Essa vista linda é ilusao.
Ela nao dura mais que algumas horas.
No proximo minuto tudo pode acontecer. O mar é traiçoeiro e nunca podemos saber se a maré mudou.. se a chuva vai cair ou se o sol vai rachar até doer a pele… Chega dessa vida de incertezas.
A única certeza boa que tenho agora é que mudei de vida.
Não sei quando vou navegar de novo, mas esse barco eu doei…
Quero outro mais seguro.. Mais estável e aconchegante… Outros braços mais fortes.
Outra cabeça mais madura.
Outro coração mais acolhedor.
Outro amor.
Verdadeiro e recíproco.
Tchau barquinho velho…
Não sei o que vai ser de voce..
Mas eu vou deixar voce aqui na pedra. Na praia. Pra alguem te pegar. E eu vou andar.
Por outros horizontes.
Em terra firme.
Virei as costas e fui.
Nao olhei pra trás….
04/01/2016